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domingo, 17 de junho de 2012

O explendor do nosso presente

Não creio que tenha havido em toda a história do Ser Humano, da Humanidade, nenhuma geração que tenha sido tão ricamente espectadora de aconteceres como tem sido a minha própria e a dos meus progenitores. Extraordinária felicidade, esta, de ter podido vivenciar tempos tão opulentos. Da explosão cognitiva da física relativista e quântica até à explosão da grande bomba, factor de autodestruição humana; da saída do planeta para pisar solo extraterrestre até à observação e compreensão de fenómenos dos confins do universo; da conquista de uma inaudita esperança média de vida, com duplicação do tempo, até o conhecimento aprofundado do funcionamento do cérebro gerador de estados mentais -- com a maturidade das neurociências; da descoberta da molécula da vida até o achado de exoplanetas, potenciais albergues de outras formas de vida; da tradição do ódio belicista até à consolidação de hábitos pacifistas proporcionadores de décadas sem guerra na Europa e em outros cantos mundanos; da evolução da superstição para a razão, do totalitarismo para a liberdade, da dependência para formas de existência com menor grau de dependência. Este dia 17 de Junho do ano de 2012 proporciona-nos o espectáculo de outro extraordinário acontecer: a partir do epicentro grego podemos estar a assistir, hoje mesmo, neste nosso aqui e agora, ao fim do magnífico projecto solidário de unidade europeia, ao fim da Europa, ou do Ocidente (da civilização ocidental) enquanto espaço cultural, político e económico dominante; ou então, estar a presenciar o princípio de uma regeneração da democracia, com a reinvenção de novos caminhos criativamente semeadores de novas soluções civilizacionais emancipatórias. Será que estamos a assistir ao fim de uma civilização? Da nossa civilização europeia/ocidental? Estamos perante uma hecatombe civilizacional ou em face do despertar de uma nova civilização nascida do ventre da desgastada civilização ocidental? Urgente é estarmos alerta, imensamente despertos e atentos, conscientes de que por mais deslumbrante que seja o espectáculo oferecido pela realidade hodierna, nestas horas que agora mesmo passam -- seja ele, no seu atraente gigantismo, contemplação de demolição ou de edificação, factor positivo ou negativo, destrutor ou construtor -- o nosso papel não pode ser o de meros assistentes embasbacados, testemunhas passivas da História, mas sim e só o de espectadores em acção, protagonistas critica e materialmente intervenientes, através da prática sócio-política concreta, neste actual processo de transformação que vacila entre a hecatombe destrutiva e a regeneração civilizacional; entre nova Barbárie e nova Civilização. Ser cidadão praticante é sempre uma obrigação. Mas neste agora é uma obrigação maior ainda! Acordai!