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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Acordai, cidadãos!


O profundo desprezo pela Cultura tem sido uma das muitas, mas também uma das mais nítidas características da indigna política anti-civilizacional do actual Governo. Um desdém coerente com a concertada acção protagonizada por uma gentalha indecente que ilegitimamente continua a (des)governar o nossa atormentada pátria.
O caso da colecção Miró é apenas o último exemplo desse escândalo diário, desse contínuo fluir de indecência, de imoralidade, de baixeza, de incompetência em que se transformou a actividade governativa no nosso país. Ouviram as declarações do Secretário de Estado da Cultura depois da acusação de ilegalidade proferida pela Direcção-Geral do Património? Absolutamente confrangedor. Em vez de evidenciar empenhamento na defesa do património cultural e, neste caso concreto, manifestar clara vontade de manter no país uma valiosa colecção de quadros de um dos maiores pintores do século XX, o primeiro responsável governamental pela cultura assume atitude contra a cultura, exteriorizando total insensibilidade relativamente ao interesse e às potencialidades inerentes à posse de tão precioso conjunto de obras de arte. Este sujeito, colocando-se numa posição de indecorosa subserviência politico-partidária, de obediência ao chefe e à patroa das finanças, nem sequer se atreve a mostrar perceber o que percebe, ou seja, a fonte de riqueza que é esta colecção. Desrespeitando-se a si próprio – digo-o porque o conheço --finge desconhecer que a Arte e a Cultura não só geram riqueza imaterial como também material, podendo fazer entrar muito dinheiro nos cofres, bem mais do que o numerário obtido através de apressado leilão ferido de ilegalidades. Isto é insuportável. Como se pode admitir tal despautério? Vamos continuar a admitir este desgoverno que dia após dia ofende a dignidade nacional?

Felicito a deputada Gabriela Canavilhas e os seus colegas de bancada pela forma decidida como vieram a terreiro defender a Cultura. Essa intervenção foi determinante na travagem da venda.  

O meu amigo BB (leia-se Baptista Bastos) reuniu em volume acabado de publicar algumas das suas crónicas jornalísticas. Fértil semeadura de lucidezes sobre o nosso quotidiano, estribada em escorreita prosa. Leitura que, por isso mesmo, pelo brilho da ideia e pela qualidade da forma literária (já rara na nossa imprensa), aqui vivamente recomendo. Aí, nesse volume acabadinho de chegar aos escaparates, se pode ler o que aqui cito e entusiasticamente subscrevo na íntegra, esperançoso de abrir apetites de leitura e de animar vontades de acção transformadora:

«Não podemos, nem devemos admitir que esta gentalha destrua o que ainda deixou restar da decência, da honra e da dignidade da nação e da pátria.

Acordai, cidadãos!»  

 

João Maria de Freitas-Branco

Caxias, 4 de Fevereiro de 2014

Blog RAZÃO – razaojmfb.blogspot.pt

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